Este espetáculo estreou em: 30 de Setembro de 2006
A partir de textos de Samuel Beckett
encenação: Eduardo Faria
FICHA TÉCNICA
interpretação: Eduardo Faria, Valdemar Santos desenho de luz Leunam Ordep música e sonoplastia Alfredo Teixeira fotografia: Marcos Araújo e Filipe Correia design gráfico: +ou- design operação técnica: Guilherme Novo; Joana Sousa; Pedro Carvalho Duração do espectáculo 45 minutos aproximadamente "O MAIOR DELITO DO HOMEM É O DE HAVER NASCIDO". Samuel Beckett Às vezes aquilo que nos aterroriza é mais inconsistente do que uma visão. A transformação é necessária porque os teus olhos são brancos como os de um cego. Saberás ver com a mente? O Porquê deste espectáculo Claro que tratando-se de Beckett, a passagem do centenário do seu nascimento bastaria para justificar a realização deste espectáculo. Ou então também é claro que tratando-se de Beckett não há necessidade de justificar o que quer que seja. No entanto não podemos ignorar que desde há muito que a Humanidade tem vindo a avançar em direcção ao abismo. Sendo esse avanço cada vez mais pronunciado e rápido. Nos dias de hoje podemos mesmo afirmar que só falta à Humanidade dar mais um passo, o derradeiro passo, para que a queda se concretize. Por isto não restam dúvidas ao Varazim de que este espectáculo se justifica plenamente, nas pessoas a quem chegar. Fragmentos, por Eduardo Faria Devo começar por confessar que Samuel Beckett tem a ambiguidade de me irritar e fascinar simultaneamente. Samuel Beckett irrita-me pela sua actualidade, pela forma justa e acertada como indica a impossibilidade de futuro para esta nossa humanidade. Ou, vendo melhor as coisas, direi que, o que me irrita de verdade em Beckett é o facto de ele me lembrar de que eu não posso deixar de ser uma célula desta Humanidade doente, o que faz com que, também eu, esteja impossibilitado de ter futuro. Por outro lado Samuel Beckett fascina-me pela sua grandiosidade e pela dimensão da sua obra. Pela sua capacidade de se ausentar, o que lhe permite observar o tema único do teatro, a Humanidade. A sua obra fascina-me pela sua característica simplificoscópica, que nos causa a sensação de não sermos cegos, quando nos olhamos através dela. Na verdade Beckett é muito mais que tudo aquilo que eu possa dizer. É muito mais que tudo aquilo que todos nós possamos dizer. Na verdade Beckett apenas é! E ponto final. Fragmentos, por Valdemar Santos Monólogo 1 Saio Todos os dias Em busca de noticias Não compro jornais Não vejo TV Escrevo com os sentidos O livro das minhas impressões Do ar Adivinho as sombras E por elas me guio E me defendo Como posso. Diálogo 1 e 1 “- Não sou suficientemente infeliz! - Mas por que é que não acaba consigo?” (extracto do texto do espectáculo) Monólogo 1 Cerrados Estes meus dentes cerrados Com eles arrasto O meu cérebro Uma bala Na câmara escura Aguardo o latido do cão Anseio pela viagem mas sei que será curta!#VarazimTeatro | #CompanhiaCerta | #Teatro | #PóvoaDeVarzim | #Cultura | #ACulturaÉSegura | #TemporadaTeatral