8 de Janeiro de 2021 | 20:45 | Cine-Teatro Garrett
a partir do romance de Bohumil Hrabal
pelos Artistas Unidos
De e com António Simão
Cenografia e Figurinos Rita Lopes Alves
Luz Pedro Domingos
Produção Artistas Unidos
M12
O céu não é humano e o homem que pensa nem sequer pode ser humano.
Bohumil Hrabal
Criado em 1997, com estreia no CCB, os Artistas Unidos retomam agora, 23 anos depois, um espectáculo criado por António Simão.
Em Praga, há uma cave. Brilhante como uma gruta de tesouros. Sombria e suja como um esgoto. Nessa cave há milhares de livros, centenas de ratos, visões passageiras e palavras que tornam o mundo grande. E há um homem, Hanta. Que há 30 anos empurra afectuosamente os livros, os mais belos e mais banais, para a prensa que os tritura e transforma em cubos de papel. Mas Hanta é um "carniceiro terno". Sabe salvaguardar as palavras guardando-as na sua memória, para que elas brilhem que nem sóis, e para que esses sóis o ajudem a ver como pode ser a vida de um homem. Por entre a poeira, o suor e o cheiro a cerveja que não pára de beber, Hanta fala-nos.
Evelyne Pieiller
Este monólogo barroco transporta-nos ao ambiente amarelecido e cru da Checoslóvaquia de Kafka, afinal símbolo universal do absurdo existencial que povoa as nossas vidas. Uma história simples. Um homem, um funcionário que vive algures numa casa escura e velha cheia de livros. Um homem cuja função é prensar papel velho numa cave; todos os dias toneladas de livros. Um homem solitário, que vive das memórias do passado, das frases livrescas e das canecas de cerveja; como um vagabundo que lê todos os livros que passam nessa cave, um homem culto sem querer; como o "velho do rio" que pensa e filosofa sobre uma série de coisas, que bebe canecas e canecas de cerveja, não para se embebedar, mas para pensar melhor. Um contador de histórias. Um velho que sente estar a ser ultrapassado pelo tempo no qual já não tem lugar. Um poeta da realidade.
BOHUMIL HRABAL nasceu em Berno, em 1914, e morreu em Praga, em 1997. Estudou direito em Praga, onde foi empregado de notário, marçano, ferroviário, angariador de seguros, caixeiro-viajante, operário siderúrgico, figurante de teatro. Só em 1963 publicou UMA PÉROLA NO FUNDO - e logo foi saudado como um grande escritor na esteira de Hasek ou Kafka. Em 68, a sua obra foi proibida na Checoslováquia, só voltando a ser publicada em 76.
ANTÓNIO SIMÃO tem os cursos do IFICT (1992) e IFP (1994). Trabalhou com Margarida Carpinteiro, António Fonseca, Aldona Skiba-Lickel, Ávila Costa, João Brites, Melinda Eltenton, Filipe Crawford, Joaquim Nicolau, Antonino Solmer e Jean Jourdheuil. Integra os Artistas Unidos desde 1995, tendo participado recentemente em Do Alto da Ponte de Arthur Miller (2018), Ballyturk de Enda Walsh (2019).
RITA LOPES ALVES trabalha com Jorge Silva Melo desde 1987. Assinou o guarda-roupa de vários filmes de Pedro Costa, Joaquim Sapinho, João Botelho, Margarida Gil, Luís Filipe Costa, Cunha Teles, Alberto Seixas Santos, Pedro Caldas, Teresa Vilaverde, Carmen Castelo Branco, José Farinha, Teresa Garcia, Fernando Matos Silva e António Escudeiro. É, desde 1995, a responsável, nos Artistas Unidos, pela cenografia e figurinos.
PEDRO DOMINGOS trabalha com Jorge Silva Melo desde 1994, tendo assinado a luz de quase todos os espectáculos dos Artistas Unidos. É fundador do Teatro da Terra, sediado em Ponte de Sor, que dirige com a actriz Maria João Luís.
#VarazimTeatro | #CompanhiaCerta | #Teatro | #PóvoaDeVarzim | #Cultura | #ACulturaÉSegura | #TemporadaTeatral