Varazim Teatro a sua Companhia Certa

Saltar para o conteúdo principal da página

Une Histoire Vraie | Coreodrama – Teatro Físico

Cinco pessoas estão à volta de uma mesa, velha e gasta, tal como as suas vestes. Quatro estão sentadas e a outra, de pé e ao centro, mexe num balde metálico que se encontra pousado sobre a mesa. É um ambiente de pobreza e que nos remete para tempos já distantes.

Não consegue visualizar o vídeo? Por favor clique aqui.


Cinco pessoas estão à volta de uma mesa, velha e gasta, tal como as suas vestes. Quatro estão sentadas e a outra, de pé e ao centro, mexe num balde metálico que se encontra pousado sobre a mesa. É um ambiente de pobreza e que nos remete para tempos já distantes.

Une Histoire Vraie

Sábado, 28 de setembro | 21:30h | Cine-Teatro Garrett (sala principal), Póvoa de Varzim

pela companhia "Gato SA” [Santo André - PT]

dur. aprox.: 90m Classificação etária: M/12


Sinopse:

Pauline regressa à casa de infância movida por uma dúvida inquietante que a acompanha há muito tempo. Ao revisitar os espaços que guarda na memória, reencontra sinais perturbadoramente reveladores sobre as suas origens.

As memórias de infância fundem-se agora com as constatações factuais. Pauline reconstitui a história da sua vida e descobre que, por detrás da imagem arrepiante do casal Tenardier, que a criou como filha, se esconde também uma manifestação de amor comovente.

No final, terá de tomar uma decisão corajosa. Será Pauline capaz de vingar a memória de seus pais e fazer a justiça que ela reclama?

Ficha artística e técnica:

Criação e Encenação: Lionel Ménard
Apoio dramatúrgico: Mário Primo
Elenco: Helena Rosa, Mafalda Marafusta, Marina Leonardo, Raul Oliveira, Rogério Bruno
e Tomás Porto
Desenho de luzes: Rui Senos
Selecção musical: Lionel Menárd
Sonoplastia: João Martinho
Adereços de cena: Colectivo
Cenografia: Helena Rosa, Lionel Ménard e Rita Carrilho
Carpintaria de cena: Natália Terlecka e Pedro Mira
Costureira: Florbela Santos
Fotografia: Victormar
Design Gráfico: Ricardo Lychnos

Sobre o Gato SA:

35 anos de atividade teatral levaram-nos, por caminhos variados, à exploração e descoberta de diferentes técnicas e linguagens expressivas. Porém, a importância dada à comunicação não verbal foi desde sempre uma dominante na maioria dos nossos espectáculos.

O GATO SA já fazia teatro físico antes mesmo de saber que aquilo que fazia podia ter essa designação!​

O espetáculo “Vai Vem”, dirigido pelo colombiano Juan Carlos Agudelo, abriu-nos portas à internacionalização, a que queremos dar continuidade com esta nova produção que, sendo igualmente de teatro físico, aposta agora numa história concreta e num processo mais narrativo.​
O convite ao encenador francês Lionel Ménard decorreu das cinco criações suas que trouxemos a Portugal, com a companhia polaca Warsaw Mime Center, com a companhia checa de Lenka Vagnerová e a alemã de Alexander & Neander. De realçar que este último espetáculo ganhou o prémio de público do projeto LITORAL EmCena 2021.
A formação que Ménard dirigiu nesse ano confirmou o desejo mútuo de prolongar esta colaboração em 2022 com uma MasterClass e um projeto de criação teatral.
Lionel Ménard, o criador de espetáculos com imagens fortes inesquecíveis, aceitou o desafio e propôs o tema, a metodologia e o processo.

A guerra tem bocas e as bocas da guerra não beijam as bocas, mas cospem na terra.

A história desenvolve-se em torno de uma família de refugiados que foge da guerra. A mãe não sobrevive à viagem e um casal de fazendeiros aceita esconder o pai e a filha, ainda bebé. Porém, eles vão lá ficar muito mais tempo do que seria de esperar… O que levará o casal a fazer crer ao refugiado que a guerra ainda não acabou?
Todas as personagens desta história estão perante um dilema. Terão elas a coragem para assumir a verdade? Ninguém é completamente preto ou branco, todos lutam com os seus estados de alma, revelando ao longo do espetáculo um lado de humanidade e outro de cobardia. Não será este o espelho das nossas próprias vidas?​
Todos os dias os noticiários nos relatam tragédias. Face aos náufragos das embarcações precárias que sossobram nas águas do oceano, a nossa empatia dura apenas alguns dias. Lá fora, na neve, homens, mulheres e crianças esperam para passar a fronteira, enquanto nós, no calor das nossas casas, nos preparamos para comemorar o Natal.
Os bombardeamentos indiscriminados da população civil alimentam temporariamente a nossa raiva. No entanto, estamos mais preocupados com o próximo fim de semana…

Somos testemunhas das injustiças e atrocidades, mas a quantidade e a frequência das notícias banalizam a sua crueldade e levam-nos a esquecer que ainda ontem gritávamos “nunca mais!".

Sem juízos de valor ou preconceito maniqueísta, “Une histoire vraie” mostra-nos que as respostas são quase sempre complexas e variadas, questionando a nossa atitude perante o infortúnio alheio.
Lionel Ménard

Se soubesse que o amava tanto, tê-lo-ia amado mais.
No início do filme "Les Misérables", de Claude Lelouch, há uma cena com uma dupla amorosa. Annie Girardot não diz nada ou não pode dizer. Fabrice Benichoux, o refugiado judeu, observa-a e espera. Essa é a mais bela declaração de amor que eu já vi. Annie Girardot, a camponesa, esconde esse refugiado, fazendo-o acreditar que a guerra continua para que ele não se vá embora. Surpreendido com a minha emoção ao ver essa cena, procurei motivações na minha memória para o entender melhor.

Lá bem do fundo de mim, veio o último encontro com o meu pai.
«Olhámo-nos um instante, alguns segundos suspensos, cada um de nós retendo as palavras. Então, o meu pai virou-se e foi embora… Gostaria de ter inventado uma história para o reter, mas nada me ocorreu, nada.»

Aos 30 anos de idade emergiu do meu inconsciente, como saído de um monte de lama, a possibilidade de ter tido outro pai. Começou assim uma busca obsessiva da verdade. Vejo-me à procura de indícios, questionando, separando o verdadeiro do falso. Precisei de reconstituir um puzzle, sujar as mãos, cavar, tirar a terra, enxugar os olhos. Por fim, foi uma frase escrita que me trouxe a paz. Algumas palavras de um testamento:“Lionel, filho de Jean”.

Nesta peça, sou eu a Mafalda que descobre escritos gravados na pedra.
Nada mais restava do que fazer a ponte entre a pesquisa sobre a identidade de meu pai e essa cena do filme "Les Misérables". No curso de formação comecei por convidar os participantes a revelar alguns dos seus segredos, os seus maiores momentos de felicidade, as fantásticas coincidências das suas histórias. Todos, desde essa formação inicial até as últimas semanas de ensaios, puderam ajudar-me a construir a ponte.

Este projeto foi iniciado na Polónia, há alguns anos, por iniciativa de Bartlomiej Ostapczuk e agora realizado em Santo André graças à AJAGATO. Mário Primo foi como um pai para mim – benevolente, encorajador, intransigente.
Há em cada uma das personagens uma identificação com a minha história, mas existem também tragédias reais contadas em tempo de guerra. O teatro é frequentemente criticado por se isolar do mundo. Espero que a trágica notícia dos factos faça sentido para o público.

Finalmente, agradeço aos meus magníficos atores que me inspiraram, me convenceram, me questionaram, me ajudaram a encontrar o caminho.

O novelo de lã está agora desembaraçado.
A história tornou-se verdadeira.
Lionel Ménard


#VarazimTeatro | #CompanhiaCerta | #Teatro | #PóvoaDeVarzim | #Cultura | #ACulturaÉSegura | #TemporadaTeatral


Newsletter